segunda-feira, 6 de maio de 2013

O novo classe AAA LELEK da Mercedes-Benz

A música está presente na vida de quase todos os indivíduos, desde seus primeiros momentos de existência, e cada melodia faz lembrar de algo (ou alguém) e ainda desperta sentimentos, emoções e impulsos. Por esse motivo, inserir de forma correta uma melodia (conhecida ou inédita) numa peça publicitária pode fazer toda a diferença, ficando marcada no inconsciente das pessoas ou marcando a escolha de um público-alvo determinado, por meio de “rótulos” (estereótipos) associados a gêneros musicais diferentes.
Para exemplificar isso, um dos comerciais que mais tiveram repercussão recentemente no Brasil foi o do lançamento do novo carro “Classe A” da Mercedes-Benz. Quando se ouve falar desta marca, quase sempre ela é associada a um público mais sofisticado, de maior poder aquisitivo e que, historicamente, ouviria músicas com um aspecto semelhante a isso.
Porém, a montadora inovou na trilha sonora, trazendo o grupo de funk Mc Federado e os Lelek’s para um vídeo viral para o Youtube. Ao som do hit ”Passinho do Volante”, o novo carro fazia manobras para mostrar sua precisão e estabilidade, mesmo em pistas molhadas, com a menção: “Seu carro sob controle / Até no Passinho do Volante”. O sucesso foi imediato: mais de 2 milhões de visualizações no Youtube em 1 semana de exibição. E a assinatura final do vídeo tenta explicar o porquê da inusitada escolha: “Novo Classe A. A letra que veio da vontade de inovar.”
 
No mesmo dia, o canal da montadora lançou um outro vídeo com o mesmo comercial, só que com uma música considerada menos inovadora e, para alguns, mais “adequada” ao público-alvo da propaganda. A trilha “tradicional” teve menor repercussão: mais de 291 mil visualizações e um debate sobre qual seria a trilha adequada para um comercial da Mercedes.
Logicamente, pode-se dizer que calcular o risco de uma inovação dessas depende muito de cada caso (o vídeo com o funk alcançou mais visualizações do que o comercial tradicional, mostrando um produto sofisticado a um ambiente popular); porém, algo não pode ser esquecido: quando se muda um estereótipo, algo preestabelecido que está intrínseco no inconsciente das pessoas, geralmente não há mais tanta segurança em relação à imagem da marca, do que ela pode trazer no futuro. A pergunta que se pode fazer, então, é: será que a inovação, deste tipo, na publicidade, acarreta riscos à imagem de uma empresa?
Ah, um detalhe: o preço do carro realmente não corresponde ao apelo viral e abrangente que a publicidade, aliada com uma música de sucesso popular, tenta mostrar aos receptores: de acordo com informações do Portal R7, o Novo Classe A custa R$ 109.900,00 na versão A200 Turbo Urban. Num plano de financiamento especial que será lançado pela Mercedes, teria uma entrada de R$ 59 mil em dinheiro e o restante do valor diluído em 36 parcelas de R$ 1.400,00. Nesse Passinho do Volante, pouca gente poderia entrar

 
 
por Maíra Masiero

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